Câmara Municipal de Mogi das Cruzes

Legislativo entrega “Medalha Zumbi dos Palmares 2025”

A Câmara - 19/11/2025

Em sessão solene na noite desta quarta-feira, 19, a Câmara Municipal de Mogi das Cruzes outorgou a condecoração “Medalha Zumbi de Palmares” de 2025. A homenagem obedece ao Decreto Legislativo n.° 54/2010 e suas alterações, e faz referência ao “Dia da Consciência Negra”, comemorado em 20 de novembro.

O tributo tem como propósito consagrar nomes do Alto Tietê que tenham contribuído para combater a discriminação racial, para fortalecer a defesa dos princípios constitucionais fundamentais e para a promoção da inclusão social sem preconceito. Zumbi dos Palmares, que dá nome à condecoração, foi um dos líderes do Quilombo dos Palmares, o mais conhecido núcleo de resistência negra à escravidão no Brasil — morto em 20 de novembro de 1695 em uma emboscada na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco —. Zumbi dos Palmares tornou-se referência na luta contra a escravidão, sendo que na data de sua morte, 20 de novembro, comemora-se o “Dia da Consciência Negra”, com a realização de eventos de cunho cívico e cultural em prol da conscientização comunitária contra ações de discriminação racial e de inclusão social.

Os trabalhos legislativos foram conduzidos pelo vereador Iduigues Martins (PT) na presidência da sessão, com o parlamentar Edson Santos (PSD) na primeira secretaria. Além deles, a mesa diretiva foi composta pela secretária Municipal da Mulher, Lívia Bolina, representando a prefeita Mara Bertaiolli (PL), pelo vereador de Biritiba Mirim Cleiton da Costa Viana (PSB), o Cleitinho, pelo presidente da Unegro Mogi das Cruzes, Adérito Modesto, pelo presidente da Associação Cultural e Religiosa Axé Mogi, pai Roberto de Xangô, pelo ex-vereador Edinho do Salão e pelos vereadores Inês Paz (PSOL), Priscila Yamagami (PP) e Rodrigo Romão (PCdoB).

Iduigues abriu a série de discursos. “Agradeço a todos que ajudam a construir uma sociedade sem racismo e mais igualitária. Esta sessão solene serve para lembrar este herói negro. Muitos não gostam de falar sobre o tema. Não querer discutir sobre o racismo também faz parte do próprio racismo. Este decreto foi aprovado há 15 anos justamente para que não deixemos tal assunto de lado”.

Em seguida, falou a secretária da Mulher, Lívia Bolina, que representou a prefeita Mara Bertaiolli (PL). “Parabenizo a todos vocês que se destacam na representação da nossa etnia. Fico muito feliz em fazer parte desse grupo, tanto pelos nossos ancestrais como por aqueles que caminharão depois de nós”.  

Priscila Yamagami elogiou a cerimônia. “Cumprimento a todos os homenageados. Fiquei emocionada e com o coração quentinho. Estou feliz e honrada em participar da homenagem desta noite. Cada contemplado faz parte da construção da nossa Cidade”.

Inês Paz congratulou as entidades e personalidades que combatem o racismo. “É um momento para refletirmos sobre o quanto nosso país é racista, em pleno século 21. Precisamos lutar para acabar com o racismo e derrubar muros. O Plenário de hoje reflete a diversidade de nosso país, e eu parabenizo a todos. Como diz Angela Davis, não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”.

O presidente da Unegro Mogi das Cruzes, Adérito Modesto, deixou sua saudação. “O povo preto pobre e favelado precisa falar sobre muitos temas. Ainda sofremos com o preconceito religioso, somos olhados com cara feia. Mas somos resistência: lutamos e resistimos. Temos que nos encontrar mais vezes porque a luta é árdua”.

O ex-vereador Edinho do Salão também discursou. “Não somos negros só no dia 20 de novembro. Somos negros todos os dias. Por isso, precisamos lembrar da importância do povo sempre em todos os meses do ano”.

O presidente da Associação Cultural e Religiosa Axé Mogi, pai Roberto de Xangô, também discursou. “Completamos 10 anos de vida no Axé Mogi. A cada dia nós construímos uma nova história, um novo capítulo. Ninguém é melhor do que o outro. Tudo que está acontecendo aqui é por causa da vontade de Deus. A primeira vez que o Axé Mogi precisou de um vereador, Iduigues nos ajudou. Nunca esquecerei”.

Rodrigo Romão, vereador, foi mais um a enaltecer os homenageados e a Medalha Zumbi dos Palmares. “Cumprimento a todos vocês. É uma honra estar aqui nesta noite. Aqui nesta Casa de Leis estamos na luta contra o racismo e a intolerância religiosa. Juntos, vamos fazer resistência às marcas profundas do racismo”.

Neste ano, foram consagrados com a Medalha Zumbi dos Palmares os seguintes homenageados:

Ana Lúcia Lucinda

Auxiliar e técnica de Enfermagem, Ana Lúcia Lucinda, 56 anos, nasceu no Rio de Janeiro e foi criada em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Aos 12 anos, já trabalhava como babá, e  aos 14, se tornou ajudante de parteira e benzedeira.

Ainda jovem, ela foi liderança das CEB’S Comunidades Eclesiais de Base. Em seguida,  ingressou em um convento em Vila Velha, no Espírito Santo,  pedindo licença por tempo indeterminado após três anos na vida religiosa. Voltou a trabalhar como babá em Petrópolis, no Rio de Janeiro, e dois anos mais tarde se mudou para São Paulo, onde iniciou sua carreira na área da saúde. Ela atuou como auxiliar e técnica de Enfermagem.

Paralelamente, cursou Letras na Uniesp, concluindo o curso em 2007, embora não tenha atuado profissionalmente nessa área.  Ana Lúcia é mãe amorosa dos gêmeos Pedro Ivo  e João Gabriel,  de 18 anos. Ana Lúcia mudou-se para Mogi das Cruzes para trabalhar no Hospital Estadual Doutor Arnaldo Pezutti Cavalcanti, em Jundiapeba, onde continuou a se dedicar à saúde e ao bem-estar dos outros. Em 2012, ela se tornou candomblecista e, em 2023, recebeu o “deka  como “Yalorixa a Oya Tojunde”.

Bernardete Maria dos Santos

Filha de nordestinos, Bernardete Maria dos Santos, 62 anos, é mãe solo de Thiago Henrique da Silva e Jéssica Driely Santos da Silva. Com a ajuda de amigos — entre eles a diretora Dona Wanda, a quem se refere com carinho — ela conseguiu pagar sua faculdade e se formou em História na Universidade Braz Cubas (UBC). Enfrentou preconceitos e desafios, mas se tornou professora efetiva após passar em concurso.

Bernardete trabalhou em várias escolas estaduais e particulares e foi tutora na Universidade UNOPAR. Hoje, além de formada em História,  a homenageada é pós-graduada em “Psicopedagogia” e “Gestão Social”. Já foi candidata a vereadora e militante da AFUSE (Sindicato dos Funcionários e Funcionárias, Servidores e Servidoras da Educação do Estado de São Paulo) e da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo). Aposentada como professora, Bernardete está estudando TTI (Técnico em Transações Imobiliárias). Ela é considerada um exemplo de superação, determinação e paixão pela educação e pelo desenvolvimento pessoal.

Erica Cristina da Silva Camargo

Erica Cristina da Silva Camargo, 43, é uma voz ativa na Ocupação da Vila São Francisco, enfrentando com coragem as barreiras impostas pelo preconceito racial e de gênero. Ela é mãe de Patrick da Silva Siqueira, Alefer Luiz da Silva Camargo, Naelli Cristina da Silva Camargo e Bruna Camargo de Nascimento, além de noiva de José Messias da Silva.

Em uma de suas buscas por oportunidade, ela vivenciou a exclusão de forma explícita: foi recusada em uma entrevista de emprego exclusivamente por seu endereço. A justificativa do empregador, ainda que acompanhada de pedido de desculpas, escancarou a realidade cruel da discriminação territorial e social.

Mas ela transformou a dor em luta e hoje se orgulha de ser militante na causa das mulheres da Ocupação Vila São Francisco. Erica Cristina também faz parte do projeto “Mulheres Sem Renda em Movimento de Ocupação, com o objetivo de arrecadar fundos para a associação local e promover melhorias coletivas, assegurando dignidade e direitos para todos os moradores.

A homenageada deixou mensagem sobre seu exemplo. “Minha história é um exemplo vivo de resistência — assim como Zumbi dos Palmares, eu carrego a chama da liberdade, da igualdade e do protagonismo negro e feminino. Eu não apenas habito a ocupação: eu a transformo”.

José Luís Toledo Barros Peixoto Luna

José Luís Toledo Barros Peixoto Luna,  36 anos, nascido e criado em Mogi das Cruzes, é pai de dois filhos e líder espiritual respeitado em sua comunidade, no Jardim Esperança. Aos 10 anos, o homenageado já militava politicamente em prol da justiça social. Há 14 anos, José Luís está à frente da Tenda de Umbanda Pai Calunga e Caboclo Rompe Mato, onde ele compartilha sua sabedoria e compaixão com os outros.

Com a bandeira da caridade, do amor e dos orixás, ele busca renascer todos os dias, inspirando os outros a fazer o mesmo. Barros é reconhecido como um defensor incansável na luta contra a intolerância religiosa e no fomento ao orgulho da ancestralidade africana.

Mauro Antônio da Silva

Mauro Antônio da Silva, 56 anos, conhecido como Maurinho do Samba, nasceu em Jacareí, mas mudou-se para Mogi das Cruzes em 1990. O homenageado é produtor cultural, líder comunitário e ativista do movimento negro, com trajetória dedicada à valorização da cultura afro-brasileira, especialmente no samba, nas religiões de matriz africana e nas ações de enfrentamento ao racismo.

Fundador da Comunidade Amigos do Samba (2011), ele idealizou rodas de samba beneficentes, oficinas de musicalização e eventos culturais voltados à inclusão social, arrecadação de alimentos e fortalecimento das tradições negras. Também organizou eventos comunitários em Jundiapeba, com destaque para atividades infantis e culturais abertas ao público.

Maurinho do Samba participa ativamente do carnaval em Mogi das Cruzes, Salvador e São Paulo, mantendo vínculo com a Escola de Samba Vai-Vai e contribuindo para a preservação das raízes do samba e da cultura popular.

Desde 2013, é fundador e diretor da UNEGRO em Mogi das Cruzes, liderando ações, debates e iniciativas em defesa da igualdade racial e da resistência ao racismo estrutural.

Recibras

O prêmio “Consciência Negra 2025” contemplou também a entidade Recibras (Cooperativa dos Recicladores do Brasil), uma organização da Sociedade Civil formada por homens e mulheres que acreditam na força da reciclagem para transformar vidas e construir um futuro mais sustentável. Desde sua chegada a Mogi das Cruzes, em 2021, a cooperativa atua com foco na coleta, triagem e destinação correta de resíduos recicláveis em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Proteção Animal.

Com sede no bairro Jundiapeba, a Recibras se tornou referência regional em economia circular e inclusão social, oferecendo oportunidades de trabalho digno e geração de renda a dezenas de famílias.

Entre seus principais avanços desde a implantação estão:

·         Ampliação da capacidade de triagem e coleta seletiva no Município;

·         Fortalecimento da parceria com o poder público para execução do Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos;

·         Promoção de ações de educação ambiental em escolas e comunidades;

·         Criação de um ambiente de trabalho cooperativo, justo e participativo.

Mais do que uma usina de triagem de resíduos, a Recibras é um símbolo de resistência e transformação. Ao valorizar o papel dos catadores e investir em práticas sustentáveis, a cooperativa contribui para um futuro mais justo. A entidade acredita que a reciclagem é um ato de cidadania, respeito e reconhecimento.

Sandra Aparecida Celino

Sandra Aparecida Celino, 55 anos,  conhecida como Mãe Sandra de Oxum, nasceu em Jundiapeba e foi criada em Brás Cubas. Sandra construiu sua história em Mogi das Cruzes, cidade onde também reside atualmente, no Jardim Santos Dumont II.

Ela é psicoterapeuta holística, tecnóloga em processos gerenciais, taróloga e sacerdotisa no Candomblé, onde atua como mãe de santo reconhecida pela sua liderança espiritual, acolhimento humano e compromisso com  o respeito às tradições ancestrais.

Casada com Matheus Henrique Sancheta Celino, homem trans , e mãe de João Victor, de 25 anos, Sandra representa uma trajetória marcada pelo amor, pela diversidade e pela luta por um mundo mais justo e inclusivo. Sua vivência e espiritualidade se entrelaçam com sua atuação social, pautada na defesa da população negra, no combate ao racismo e na valorização das religiões de matriz africana.

Ela tem se destacado como uma voz de resistência, empatia e transformação.

Silvio Cesar de Souza

Silvio César de Souza, em 1989, através de um amigo, conheceu o grupo de teatro Mauricio de Souza, que atuava em Mogi das Cruzes há dez anos . Depois, ele participou da “Cia Radiophônica de Teatro”, no qual ele adquiriu experiências em festivais, curtas metragens e vídeos institucionais.

Em seguida, o homenageado integrou o grupo “Contadores de Mentira”, no qual o artista aprendeu a atuar por meio de mímica. O artista tem ainda em seu currículo passagem pela emissora Rede Record, na qual participou de quadro de simulações de crimes no programa Cidade Alerta e de participações no Programa do Gugu.

 O ator já fez participações como elenco de apoio no programa Xilindró, no canal Multishow, e em filmes como “Dead Corner”, “O Rei das Manhãs”, “Edir Macedo”, “Marighella”, “Carcereiro”, entre outros.  Atualmente, o homenageado presta serviços de assistência social e dá aulas de Iniciação à arte da mímica.

Vinicius Marques Santana

Nascido em Mogi das Cruzes, Vinicius Marques Santana, 37, é adepto da Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Braz Cubas, onde aprendeu como preceito servir ao próximo. Formado em jornalismo pela Uninove (Universidade Nove de Julho), Vinicius Santana tem uma história marcada por esforço e humildade.

Antes de conquistar seu lugar ao sol na comunicação, o mogiano foi auxiliar de limpeza em supermercado, panfleteiro em semáforos, operador de telemarketing e ajudante de caminhoneiro.  Atualmente, ele soma dez anos de experiência como assessor de imprensa, já tendo trabalhado na Prefeitura, na Câmara e na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Waldemar Neris de Oliveira

Waldemar Neris de Oliveira, 61 anos, conhecido como Pastor Zaia, nasceu em 27 de abril de 1964, em Mogi das Cruzes. Negro, ele cresceu na Vila Natal, ao lado de seus quatro irmãos, enfrentando desde cedo os desafios da pobreza e o peso do racismo. Ainda menino, começou a lavar carros nas casas da vizinhança, com um simples baldinho, para ajudar seus pais.

Mesmo tão jovem, ele sofreu diversas situações de preconceito e rejeição pela cor da pele, por morar na favela e por sua origem humilde. Aos 17 anos, perdeu-se no caminho das drogas, tornando-se dependente químico e morador de rua. Viveu momentos de dor, exclusão e desamparo, mas nunca perdeu completamente a esperança. Foi nessa escuridão que encontrou a fé que mudaria sua vida para sempre.

Com determinação, ele superou o vício e hoje é pastor presidente do Ministério “A Glória da Segunda Casa”. Transformado pela fé, Zaia dedica sua vida a acolher pessoas em situação de rua, dependentes químicos e famílias da periferia.

 

 

 

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